quarta-feira, 1 de novembro de 2017

O Escritor Digital

Pessoas inclinadas a versos, escrevem mais seus poemas quando jovens e começam assim a colecionar seus textos, a partir do que então começa a amadurecer a ideia de um livro, e seguindo na prática, mais outros livros. Assim foi que seguia nessa sequência, já com uma certa quantidade de poemas e já idealizando um livro com eles, quando aconteceu o advento da internet.

Certamente que nem todos os escritores vão facilmente cair nas graças do público leitor, fazer sucesso, se tornar celebridade. Nem todos se tornarão um Drummond, um Bandeira, um Quintana, porém, o que move precipuamente alguém a escrever versos não é precisamente fama, sucesso, dinheiro, mas ser lido, ser compreendido, que sua mensagem seja acolhida. Desta forma, mesmo o versejador não se tornando celebridade, isto não o leva a deixar de escrever, pois essa não é a intenção maior dele quando escreve, mas ser lido. Quem escreve quer ser lido. Assim é que, quem tem o gosto de escrever versos, o que é naturalmente inclinado, vai sempre querer escrever e veicular seus poemas em livro, geralmente patrocinado independentemente pelo próprio autor em eventos de lançamento devidamente divulgado na cidade, com direito a cockteil, recital, discurso, apresentação musical, etc., num happening especial, principalmente para o feliz protagonista, pelo seu produto artístico publicado, pelo livro. Hoje em dia vemos menos esse tipo de evento, mas creio que não porque estão menos pessoas se dedicando a escrever versos, mas em função do surgimento da internet, através do qual as pessoas inclinadas podem automaticamente publicar seus versos e até fazer seus livros virtuais; seus e-books. O interesse primeiro de quem escreve é ser lido e o que se publica na internet, em blog, em site, em e-book, etc., sempre estará disponível para pessoas que se agradam desse tipo de leitura.

Desta forma, a minha tendência natural, como escritor de versos, já com coleções de poemas idealizados em livros, seria então providenciar o fechamento desses poemas em livros, organizando lançamentos com tudo o que se tem direito e convidando toda a cidade através da mídia especializada. Porém com o surgimento da internet, foi que eu resolvi que seria justamente através da internet que eu iria divulgar meus poemas e até confeccionar e divulgar meus livros. E então, assim tenho feito desde então. Publico meus versos na net; esses poemas acabam por tornarem-se em, livros, que também são publicados e divulgados na internet. Tornei-me um escritor virtual, um escritor internético, um escritor digital.

Textos publicados virtualmente contam com uma possibilidade que não há facilmente na publicação impressa, que é a possibilidade de atualização de um texto já lançado. Um escritor, que depois de publicado na net um texto, e que depois vê que nele bem cabe alguma retificação, ratificação, aperfeiçoamento, etc., pode simplesmente fazer as atualizações que lhe convier. Aliás, essa é a grande vantagem do escritor digital: a possibilidade de atualizar seu texto, podendo ainda aperfeiçoar ao máximo, otimizando o seu produto artístico o quanto lhe for possível refletir do melhor modo a imagem idealizada. Não há nenhum problema em reconsiderar coisa ou outra por uma justa fidelidade ao concebido como mensagem. Na verdade, quando resolvi que iria publicar meus textos pela net, achei também que isso me traria a mais a possibilidade de ter um feedback do texto publicado de todo modo. Não falo aqui de alguma crítica ou comentário de algum leitor, que também pode vir a ser um importante feedback, mas um feedback através de ler o próprio texto, mas aí, publicado, já lendo também com o olhar de outros leitores, para poder perceber melhor alguma uma ou outra possibilidade de melhora no texto aqui e ali, um detalhe ou outro, um melhor arestamento, que remete o texto a um upgrade.

Às vezes, de um texto publicado, se muda também toda sua estrutura, ou mesmo o seu viés ; o modo como a temática é abordada. Não há desta forma problema algum em revisar algum texto já publicado; isso já é parte inerente do escritor digital; assim, atualizar textos na internet faz parte do meu compromisso e da minha proposta.

Essa tal atualização de texto, por uma mais coerente confecção em relação ao que se quer de fato expressar, pode acontecer bem mais em relação a textos que estão publicados nos meus blogs de versos, mas não nos livros virtuais, quer dizer, nos textos que já estão inseridos na ideia de um livro. É muito difícil que eu venha a proceder uma mudança em algum texto que esteja já inserido na ideia de um livro; só em alguma especial ocasião. Uma ocasião especial em que penso fazer uma releitura dos textos que estão em livro, será quando for completar esses livros com o ISBN e com a apresentação. Nesse caso, quando o livro será relançado com sua apresentação e ISBN, aí valerá uma nova leitura por aperfeiçoamento. Tudo o que foi publicado em livro, foi devidamente aprovado pelo controle de qualidade – não tão rígido – diga-se de passagem, desse escritorzinho de sonho, aproveitando a onda da internet para se manifestar em sua arte. Assim é que eu tenho trabalhado em aperfeiçoar alguns textos já publicados em blogs, mas não em livros. O que foi já publicado em livro foi avaliado, pensado , lido e relido e não apresenta assim grande possibilidade de ainda caber alguma atualização.

Como visto acima, não há nenhum problema em atualizar um texto publicado na internet, porém, devo dizer também, essas atualizações têm ocorrido alguns casos nas letras, mas não nos poemas; natural. O que não quer dizer que poemas não sejam também passíveis de atualização. Também é certo que o leitor deve ser informado do texto atualizado. O leitor, que já conhece o texto da forma como foi publicado, deve também conhecer o texto atualizado.

Falarei aqui por alto em alguns textos em que tenho procedido atualizações. Por exemplo, do texto “Rumando Para Eldorado”, só ficou o mesmo título, pois o texto foi retrabalhado, inclusive em seu viés e se tornou com seu novo título em “Na Sequência do Gameta”. “Rumando para Eldorado” ganhou um novo texto em torno da temática que o título sugere.

Alguns textos mais estão na mira para sofrerem atualizações; que são “Buraco Negro”, que deve se tornar em “Ângelo Nóvis e o Buraco Negro” e “Tempo Bom” vai se chamar “Bonança” após sua atualização. O texto “À Guerra Eu Vou Que Vou Retado” com o qual até que fiquei satisfeito com o resultado final; porém, após publicá-lo e lê-lo como publicado, “com os outros olhos”, achei que ficará melhor trocando o eu-poético da 1ª pessoa para a 3ª pessoa e inserir imagens como “armadilha”, “batalha”, assim como a palavra “revólver” no texto deverá ser substituída pelo termo badogue, algo mais medieval, como é o próprio clima do texto, que fala talvez de um cavaleiro das “Cruzadas” , pois tem cruz na espada, luta contra “hordas satânicas”, etc. Deste modo “bodoque” vai ficar mais conveniente para compor a figura que ali se protagoniza do que “revolver”, já que se trata de um cavaleiro medieval, uma arma mais rústica é mais apropriada. E por que não mudar a pessoa do texto também? A intenção primeira deste texto é a transmitir de imagens da guerra, e não algo romântico de um eu-poético se anunciando à guerra sua pessoa. Assim, as imagens são evidenciadas pelo texto, pelo viés do texto, na sua missão de serem transmitidas, porém sem o pesar de um “eu” sob o peso das imagens , ou mesmo que seja o grande herói dominador da cena. As imagens da guerra é que são aqui a mensagem principal, e não o ser que na imagem se expõe. Sem o “eu” no texto, este se torna mais leve, menos conflitante, sem prejuízo da reflexão nele proposta: a questão da guerra. O texto assim se faz mais fiel ao que se quer nele de fato transmitir.

Como escritor digital, não vejo problema em atualizar um texto, porém, claro que isso é também de interesse do leitor, que viu aquele texto antes da atualização e deve ser informado da nova atualização naquele texto. Desta forma, na página Hílton no Face estarei informando novas atualizações de textos. Não é algo tão comum e corriqueiro, mas pode acontecer; e acontecendo, na página será anunciada “alguma atualização” para os que acompanham a página e os meus escritos. Coisas de escritor digital.

Um abraço.

Hílton

  

Um comentário:

  1. A grande sacada é: quem gosta de versejar, gosta mesmo é de ser lido.

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